sábado, 4 de setembro de 2010

Covardia

Não sei quanto à vocês, mas não me simpatizo com pessoas que não assumem seus atos. Ou melhor, eu as repugno! Como proceder quando a pessoa que faz isso - se for ver por outro lado, não faz - é ninguém mais, ninguém menos que seu próprio pai? Garanto que é um tanto complicado, principalmente se você é o único que ainda confiava nele.


Acontece que meu pai se mudou para Santa Catarina, em busca de algum emprego melhor, e que, segundo ele próprio, já era quase que garantido por um primo dele. Dois meses se passaram, ele não deu nenhum sinal de vida, nem mesmo um telefonema... nada. Não deixou sequer um contato para nos comunicarmos, ou seja, vida nova, sem filhos "bastardos".

Eu nunca guardei rancor por meu pai ou o culpei por ele não ter assumido a gravidez da minha mãe, de gêmeos (eu e meu irmão), apesar de achar isso um tanto quanto imaturo da parte dele. Tudo bem, ele, assim como minha mãe, eram jovens quando aconteceu, e é até compreensível o medo dele. Minha mãe, por sua vez, desempenhou, e muito bem, o papel de mãe-pai. Ela sempre quis ser mãe solteira, e não teve muitos problemas para nos criar, pois sempre contou com a ajuda de minha tia, minha avó e do meu avô.

É claro que ela iria tomar suas atitudes para com ele. Logo quando nascemos, ela nem sequer nos registrou com o nome do meu pai. Depois de uma briga judicial, ele conseguiu com que ela fizesse isso, mas também conseguiu obter para si a obrigação de nos pagar pensão alimentícia. Olho por olho, dente por dente.

Os anos se passaram, eu e meu irmão sempre mantivemos contato com meu pai depois que já tínhamos uns 4 ou 5 anos de idade; ele nos buscava para ir à sua casa aos finais de semana. Depois, quando já estávamos um pouco maiores (lá pelos 11 anos de idade), nós mesmos já íamos até lá de ônibus ou ele mesmo continuava nos buscando. Quando já havíamos entrado na adolescência, fomos para o Paraná, na casa de nossos avós, pela primeira vez. Nos anos que sucederam fomos diversas vezes com ele, todo término de ano. Por volta dos nossos 16 anos, esse contato foi se perdendo, ainda mais por parte do meu irmão, que sentia muito a ausência do meu pai e o odiava por isso; mas também por começarmos a estudar e trabalhar ou coisas do gênero.

Eu sempre conduzi tranquilamente essa situação de não ter um pai presente, apesar de também sentir falta. Mas ao contrário do meu irmão - não que ele não faça isso, o que eu acho improvável - eu sempre o amei, e sempre confiei no nele, e até o admirei. Eu vejo que ele nos ama muito, e deve se sentir um tanto culpado por não ter acompanhado nosso crescimento. Mesmo assim, eu ainda apostava minhas fichas nele. Já chorei por falta dele, já procurei em outras pessoas me espelhar no pai que não tive, confesso. Mas sei que eu tive uma mãe que se empenhou arduamente para sempre nos conceder o melhor, e, repito, fez isso incontestavelmente bem.

Como esse ano eu completei meus 18 anos, meu pai teoricamente não precisaria mais nos pagar a pensão alimentícia. Mas eu entrei na faculdade, o que o obriga a mantê-la por pelo menos até a minha conclusão. Como meu irmão parou de estudar, o único beneficiado era eu. Eu usufruia da pensão para poder pagar o transporte para a faculdade, que é em outra cidade. Ele pagou corretamente até o último mês (agosto). Aí, então, veio a surpresa de que ele não estava mais cumprindo com seu dever, e o pior prejudicado nessa história sou eu. Só não terei que trancar a minha matrícula na faculdade porque minha mãe vai fazer um esforço para continuar pagando o meu transporte, senão, eu já poderia me contentar com o "nada".

Assim, eu não ligo para o dinheiro dele. Pouco me importo se ele vai ou não pagar a maldita pensão dele, mas o que me deixa furioso é o fato de que ele firmou um acordo de que ajudaria e, mais uma vez, tirou o seu time de campo. Como uma pessoa pode ser tão sem palavra, tão sem escrúpulos assim? Seja homem de cumprir com suas obrigações, poxa! Se não se acha capaz de fazê-lo, então nem se disponha a isso. Agora, também, vou agir ao mesmo nível dele, esquecendo-o completamente e vivendo como se eu nunca tivesse tido um pai.
E não tive mesmo.

                                              *****

Mais uma vez o meu mundo será salvo pela minha Super-Mãe. Ela que é mais "homem" que determinados outros aí que se dizem ser um. Só dizem.


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