domingo, 27 de março de 2011

Conhecer

Para desenvolver esse texto, vou me basear em alguns "conceitos" tomados pela maioria (senso-comum) para tentar estabelecer uma linha de raciocínio que vai justamente contra isso: a decisão por esse senso "bruto". Logo, fica claro que não compactuo com a prática, mas a utilizarei em alguns momentos para argumentar...


Reflita por um momento: qual um dos principais aspectos que você já identificou como fator culminante para que a nossa sociedade chegasse ao ponto que está, da adoração à superficialidade? Será esse o próprio fato que costumamos, antes de qualquer análise melhor embasada, tirar um conceito, uma impressão instantânea para tentar estabelecer uma linha de pensamento ou usar como ponto de referência para análises futuras. Esta ação em si não seria algo ruim, mas entenda que a ação por si só não basta, é preciso mais: ela somente é para nós, como eu já disse, um ponto de referência, algo que possibilita novas concepções ou mesmo uma conclusão.


Muitos são os que se satisfazem com a rápida "batida de olho" e, pior, acham-se no direito - ou dever - de julgar a situação/pessoa através disso. E eles defendem incansavelmente suas posições, sem mesmo pensar na possibilidade de conhecer a fundo a temática. O que estes fazem são apenas tentativas desesperadas de convencer alguém que isso ou aquilo não é bom, ou que pode ser bom, mas tem lá as suas desvantagens ou deficiências, não considerando que o próprio conceito de "bom" e "ruim" é repleto de subjetividade. Eu sempre me pergunto: qual o benefício que a pessoa adquire agindo assim? 


Mas eu até entendo quem costuma adotar essa filosofia. O conhecimento é algo muito chato mesmo, cansativo... Não tem muita graça, sem muito encanto, pouco útil na nossa vida, nos meios de interação social. O conhecimento não passa de uma convenção muito idolatrada por alguns imbecis que não tem com o que se preocupar e tentam vender a ideia de que ele enaltece e transforma o homem e o ambiente onde ele vive. Bobeira! Quem é louco de preferir se engajar no processo de mudança de conceitos, de diferenciação sensitiva quanto isso ou aquilo, de readaptação? O conforto e a estabilidade de uma vida constante, sem muitas mutações é muito mais saboroso!


Contudo, eu desafio quem pensa dessa forma com uma simples questão: até quando essa inadimplência com o processo natural da vida, de querer burlar o desenvolvimento e a evolução vai funcionar? Quantas paredes você ainda acha que é capaz de se esbarrar sem fazer um corte mais profundo em sua carne? (Entenda "carne" como todo o ser que tu idealizas que és). Onde você acha que vai chegar se fechando em arrogância? Eu sei onde... no desgosto da descoberta que o mundo que você tanto idealizou não passava de uma ilusão, e que essa era limitada. 


Agora pense, deixe-se questionar sobre uma questão aleatória e tente definir sua posição à ela. E responda: baseado em que você decidiu isso? Quais são seus motivos? Qual a sua chance de estar errado? Essa prática nos favorece muito quando queremos evitar cair no círculo vicioso do julgamento sem conhecimento - vulgo preconceito.


Acredito que não tenho uma razão para estar questionando tudo isso, nem ninguém a quem eu possa estar me "armando" para uma batalha. Só estou meio cansado de ver tantas injustiças por aí - senão todas - iniciadas justamente por atitudes nutridas por um falso "ceticismo". E estou aberto a críticas, pois só assim terei conhecimento da veracidade de minha concepção sobre justiça!

2 comentários:

  1. Eric,

    Creio que o conhecimento torna-se relativo a depender de quem o “produz”, de quem o usa, em que contextos são utilizados e com quais intenções. Acredito que, em suma, foi mais ou menos isso que você quis dizer, não foi? Corrija-me se eu estiver errado.

    Eric, estou muito feliz por estar interagindo com você. Entrei em seu blog, ontem, de pára-quedas. E agora, estou dobrando este pára-quedas, para me instalar aqui. Ou seja, valeu a pena ter vindo aqui sem querer. Digo isso, porque você escreve muito bem. Seus textos nos provocam; instigam nossa reflexão.

    A propósito, obrigado por deixar seu produtivo comentário em meu blog, especificamente no post concernente ao abraço.

    Ultimamente, tenho atualizado meu blog apenas duas vezes por mês, devido ao meu tempo reduzido com o trabalho. Mas, ainda assim, permito-me comentar nos blogs dos quais realmente gosto, como o seu – embora, eu não comente todos os dias.

    Mais uma vez, Eric, obrigado. E continuemos interagindo.

    Abraço, “um bom abraço”, e ótima semana.

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  2. Valdeir, você não se equivocou de forma alguma. Isso que você levantou, da utilização que as pessoas tem sobre o conhecimento me preocupa muito... Muitos tentam degradar a vida dos outros através disso; e outros extremos tentam se utilizar disso mesmo para se martirizarem. Mas aí já entram muitas outras questões, além do conhecimento... Minha intenção era a indignação com a prepotência frente ao ato de conhecer, de "conhecer bem" algo/alguém. Contudo, não descarto novos debates sobre o abuso à pratica do conhecimento!

    Agradeço muito por sua contribuição!

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Eu sei que as minhas palavras podem parecer confusas e perdidas. Você pode achar o que quiser. Apenas ache, pois é assim que eu me encontro!